Por Matheus Viana¹ A agricultura familiar e as organizações populares têm sido a espinha dorsal da soberania alimentar no Brasil. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 70% dos alimentos consumidos no país vêm da agricultura familiar. Enquanto o agronegócio promove destruição ambiental em escala industrial, avançando com monoculturas envenenadas e degradantes, são essas comunidades que oferecem alternativas concretas e vitais para enfrentar a crise climática e social que atravessamos. A monocultura, alicerce do agronegócio, não só devasta o solo, expulsa populações e envenena a água, mas também promove um modelo concentrador de terra e riqueza que, ao priorizar o cultivo massivo de commodities para exportação, empobrece ecossistemas inteiros, esgota recursos naturais e destrói modos de vida. A expansão predatória da fronteira agrícola é marcada por violência no campo, criminalização de lideranças e desrespeito sistemático aos direitos territoriais de povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais. Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) revelam a brutalidade desse processo: apenas no primeiro semestre de 2024, foram registrados 1.056 conflitos, incluindo 872 disputas por terra, 125 por água e 59 casos de trabalho escravo, enquanto as ameaças de expulsão cresceram de 44 para 77 e a pistolagem se mantém alarmante, com 88 ocorrências. A contaminação por agrotóxicos explodiu de 19 casos em 2023 para 182 em 2024, atingindo especialmente posseiros (235 casos), indígenas (220), quilombolas (116) e sem-terra (92), sendo os principais agressores fazendeiros, empresários, governo federal e grileiros. Entre 1985 e 2021, a CPT registrou 302 assassinatos e 59 massacres, revelando um ciclo contínuo de extermínio contra aqueles que lutam pela permanência nos territórios. Em contraposição a esse cenário de destruição, a agricultura familiar constrói alternativas concretas e potentes. A adoção de práticas agroflorestais e de captação de água da chuva, enraizadas no saber ancestral e popular, demonstra que é possível produzir alimentos de maneira regenerativa, sem destruir a terra. Diferente do deserto verde das monoculturas, a agricultura familiar restaura solos, protege nascentes, promove biodiversidade e gera alimentos saudáveis. A ancestralidade e o conhecimento tradicional não são apenas elementos culturais, mas estratégias poderosas de resistência e resiliência. Essas práticas, muitas vezes passadas oralmente ao longo de gerações, demonstram uma inteligência ecológica profundamente conectada com os ciclos da terra. No entanto, esses saberes continuam invisibilizados por um sistema que insiste em impor tecnologias e financiamentos desenhados para o lucro rápido e predatório. O modo como a filantropia tradicional trabalha com esses temas é visivelmente insuficiente, burocrático e aquém do necessário para alcançar os territórios onde a resistência acontece. Essa lógica centralizadora e institucionalizada desconsidera as dinâmicas locais, impondo modelos que ignoram o poder transformador das iniciativas populares. O Censo GIFE 2022-2023 corrobora essa realidade: dos R$ 4,8 bilhões investidos pelo investimento social privado (ISP) no Brasil, apenas 2% foram direcionados para agricultura, alimentação e nutrição, e 4% para o fortalecimento institucional de organizações da sociedade civil (OSCs) e movimentos sociais. Em contraste, 33% dos investimentos foram destinados à educação formal ou não formal, evidenciando uma distribuição desigual dos recursos e um descompasso gritante com as demandas urgentes dos territórios. Se o financiamento climático e as filantropias que buscam contribuir com a justiça climática desejam ter participação efetiva, é fundamental reconhecer que o enfrentamento à crise passa necessariamente pela ruptura com o modelo agrícola dominante. É preciso apoiar de maneira decidida e irrestrita a agricultura familiar, as práticas agroflorestais, o manejo tradicional das sementes, o conhecimento ancestral que resiste à devastação promovida pelo agronegócio. As organizações populares não pedem caridade, exigem justiça. Justiça que passa por reconhecer e financiar práticas agroecológicas que regeneram a terra ao invés de destruí-la. Justiça que exige respeito aos modos de vida que priorizam o bem comum sobre o lucro imediato. Justiça que implica enfrentar as estruturas econômicas e políticas que privilegiam a devastação ambiental em nome de uma falsa prosperidade. A agricultura familiar é, acima de tudo, resistência. Ela representa a verdadeira alternativa diante de um sistema que se alimenta da destruição. Por isso, é responsabilidade de todas e todos que se comprometem com o futuro do planeta apoiar essas iniciativas, com recursos concretos e um compromisso genuíno com aqueles que, sendo uns dos mais afetados pela crise, estão na linha de frente, criando soluções para enfrentá-la. ¹ Matheus Viana é coordenador de Operações da Pacová – Articulação de Cooperação do Campo à Cidade e coordenador da pesquisa Semear.
Soberania Hídrica Popular: Cuidar das Águas é Defender os Territórios
Neste Dia Mundial da Água, reafirmamos um princípio que nos move: sem soberania hídrica, não há justiça social. Falar de soberania hídrica popular é falar do direito dos povos a decidir sobre suas águas, suas fontes e seus rios. É falar de autonomia, de gestão comunitária, de cuidado coletivo e de resistência frente às crescentes ameaças da privatização e da destruição dos bens comuns. FFoi com esse compromisso que estivemos presentes, no último dia 21 de março, em Salvador, no Grito da Água. Ao lado de diversos movimentos sociais e populares, somamos nossas vozes para denunciar as injustiças hídricas que afetam tantas comunidades pelo Brasil. Seguimos afirmando, com convicção e urgência: a água é um direito, não uma mercadoria. Nenhuma empresa ou governo pode dispor desse recurso sem considerar a vida das populações que dependem dele, sem respeitar os territórios tradicionais e sem garantir que a gestão da água priorize o bem-estar coletivo, e não o lucro de poucos. Nas margens do Rio Utinga, esse desafio se materializa de forma evidente. O Rio Utinga não é apenas um curso d’água: é uma fonte de sustento, de cultura e de memória para inúmeras comunidades que vivem em seu entorno. É ele que irriga as lavouras, que abastece as casas, que nutre a biodiversidade e fortalece os modos de vida locais. No entanto, como tantos outros rios do país, o Rio Utinga enfrenta cotidianamente os impactos do uso predatório, e da falta de políticas públicas eficazes que garantam o direito à água para quem realmente precisa. Enquanto poucos exploram os recursos hídricos para fins comerciais, muitos sofrem com a escassez, a degradação e a insegurança hídrica. Mas onde há ameaça, há também resistência. E é nos territórios, com as populações que cuidam da água todos os dias, que encontramos as verdadeiras soluções para enfrentar essa crise. São as comunidades ribeirinhas, os pequenos agricultores, os povos indígenas e quilombolas, os movimentos sociais e ambientais que têm construído alternativas concretas para garantir a preservação dos rios e aquíferos. São essas vozes, historicamente silenciadas, que precisam ser ouvidas e fortalecidas. Por isso, seguimos firmes ao lado dos movimentos e organizações que lutam pela soberania hídrica popular. Reafirmamos nosso compromisso com a defesa das águas e dos territórios, com a construção de políticas públicas que garantam o acesso justo e equitativo à água, e com o fortalecimento das redes de resistência que enfrentam os interesses daqueles que veem a água apenas como um bem econômico.
8 de Março: Mulheres na Luta por Justiça Socioambiental e Bem Viver
Por Lavínia Pinheiro¹ O 8 de Março é uma data histórica de luta das mulheres, dia de levar reivindicações para as ruas, por direitos e dignidade. Mais do que uma celebração, é um momento de fortalecer a resistência e reafirmar o compromisso com a construção de um mundo mais justo e igualitário. E, nesse contexto, a luta feminista e por justiça socioambiental estão diretamente interligadas. Essa conexão não é acidental: as mulheres, especialmente as mais pobres, negras, indígenas e periféricas, são as mais impactadas pelas crises ambientais. Elas são as primeiras a sentir os efeitos da escassez de água, da poluição, do desmatamento e das mudanças climáticas. Em muitas comunidades, são as mulheres que caminham quilômetros para buscar água, que cuidam da terra e que garantem a alimentação de suas famílias. Por isso, a luta ambiental não é apenas uma questão de preservação da natureza, mas uma questão de sobrevivência e dignidade para milhões de mulheres. Os movimentos feministas populares têm sido fundamentais para denunciar como o modelo de desenvolvimento capitalista, baseado na exploração desenfreada dos recursos naturais, afeta diretamente a vida das mulheres. A luta contra a privatização da água, contra megaprojetos de mineração e hidrelétricas, e contra o agronegócio predatório é também uma luta feminista. As mulheres estão na linha de frente dessas resistências, mostrando que a defesa do meio ambiente é inseparável da luta por direitos humanos. Essa conexão fica ainda mais evidente quando olhamos para as contribuições do movimento de mulheres negras, indígenas e de comunidades tradicionais, que levantam bandeiras pela construção e defesa de outros e novos mundos a partir do bem viver, valorizando saberes ancestrais e formas não predatórias de ser e estar no mundo. Para essas mulheres, o bem viver significa acesso à terra, à água limpa, à saúde, à educação e à cultura, mas também o respeito aos saberes ancestrais e à conexão com a terra. Essa visão desafia o modelo capitalista e aponta para um futuro mais justo e sustentável. No entanto, essa luta não é fácil. Muitas mulheres já tombaram e se encontram em vulnerabilidade apenas por serem mulheres e ativistas pelos direitos. A violência ambiental, a expropriação de terras e a criminalização das lutas sociais são realidades que atingem diretamente as defensoras da terra e da vida. Seguindo com o legado de luta do movimento de mulheres negras, o ano de 2025 será marcado pela ocupação das ruas e por grandes mobilizações. No dia 25 de novembro, em Brasília, ocorrerá A 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver. E será uma oportunidade de fortalecimento também da luta por justiça socioambiental. A data escolhida pelos movimentos não é aleatória: o 25 de novembro é o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, e lembramos que a violência ambiental também é uma forma de violência de gênero. A destruição de ecossistemas, a contaminação de rios e a expulsão de comunidades tradicionais de suas terras são violências que atingem diretamente as mulheres, especialmente as mulheres negras e indígenas. Não há como falar em direitos das mulheres sem falar em acesso à água limpa, à terra, à alimentação saudável e a um ambiente livre de violência e exploração. As mulheres negras, indígenas e camponesas, têm mostrado que a justiça socioambiental é uma bandeira fundamental para a construção de um mundo mais justo e igualitário. Há décadas o movimento feminista negro vem pontuando como a luta por direitos não admite separações: é uma luta coletiva, interseccional e, acima de tudo, urgente. Juntas, somos mais fortes. Juntas, somos a mudança. Fortaleçam a luta e os movimentos feministas populares! ¹ Lavinia Pinheiro é mulher negra e ativista. Atualmente atua como Coordenadora de Programas e Projetos da Pacová – Articulação de Cooperação do Campo à Cidade
Guardiãs das Águas: A Luta das Mulheres pela Soberania Hídrica
Por Joseane de Jesus¹, Sabrina Vaz² e Nathalia Nunes³ A conservação dos recursos hídricos esteve atrelada a lutas intensas ao longo da história. Essa resistência se manifesta tanto por meio de pautas locais quanto pela inclusão da voz feminina nas discussões, refletindo a força ancestral das mulheres e sua busca contínua por sabedoria. No dia 8 de março, quando celebramos a luta das mulheres por dignidade, direitos e justiça, também honramos essa força ancestral que as impulsiona. Essa conexão sagrada reflete-se na luta histórica pela conservação dos recursos hídricos, onde as mulheres desempenham um papel fundamental, seja na criação de políticas públicas, seja na resistência em pautas locais. Assim, reafirmamos a presença feminina como essencial na defesa do meio ambiente e na construção de um futuro mais sustentável e igualitário. Essa realidade se evidencia em territórios como o Rio Utinga, onde a atuação feminina é central na luta pelos direitos fundamentais da comunidade. As mulheres têm um papel essencial na conservação do meio ambiente, na transmissão de saberes tradicionais e na busca por maior representação em decisões político-ambientais. Sua atuação fortalece a comunidade ao longo das gerações, garantindo a preservação dos recursos naturais e a continuidade dos modos de vida tradicionais. As comunidades ao redor do Rio Utinga, localizado na Chapada Diamantina, Bahia, são compostas por diversos grupos, incluindo indígenas, quilombolas e pequenos agricultores familiares. As mulheres dessas comunidades estão na linha de frente da preservação ambiental e da defesa de seus direitos, enfrentando desafios crescentes. A expansão das monoculturas de banana na região tem impactado diretamente a vazão do Rio Utinga e, consequentemente, a disponibilidade de água para as famílias ribeirinhas. Diante dessas problemáticas, a presença feminina se destaca não apenas nas páginas dos jornais locais, mas também na resistência ativa contra a degradação ambiental. Figuras como Edilene Payayá, coordenadora-geral do Movimento Associativo Indígena Payayá (MAIP) e integrante do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paraguaçu (CBHP), são exemplos dessa resistência. Edilene atua na defesa dos direitos indígenas e na preservação dos recursos hídricos, promovendo ações de reflorestamento e conservação da vegetação nativa na região de Utinga, enfatizando a importância de conservar a natureza pensando nas gerações futuras. Outra liderança fundamental é Luciana Kariri, conselheira do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Grande, que exemplifica a importância dessas mulheres como agentes transformadoras em seus territórios. Além disso, organizações como a Associação de Mulheres da Lagoa Bonita colaboram com o Observatório do Rio Utinga em iniciativas de preservação ambiental e fortalecimento das comunidades locais. Essas mulheres estão envolvidas em atividades de pesquisa, monitoramento de políticas públicas e promoção da justiça socioambiental, visando à conservação do rio e ao bem-estar das populações que dele dependem. A luta dessas mulheres está intrinsecamente ligada a uma força ancestral que as impulsiona. No candomblé, essa força é representada pelas Yabás – orixás femininas que simbolizam poder, resistência e sabedoria. Além de guerreiras, mães e cuidadoras, as Yabás também guardam a natureza, especialmente as águas, essenciais para a vida e para a manutenção do planeta. Oxum, senhora das águas doces, dos rios e da fertilidade, ensina que preservar os rios é preservar a própria vida. No Brasil, mulheres indígenas, quilombolas e periféricas lideram importantes movimentos contra a destruição dos rios e dos territórios. Assim como Oxum, elas compreendem que, sem água, não há vida; e, sem vida, não há futuro. Nanã, orixá da lama e dos pântanos, nos lembra da sabedoria ancestral e da necessidade de respeitar os ciclos da natureza. Assim como as mulheres carregam dentro de si o conhecimento transmitido por suas mais velhas, os rios carregam a memória da terra, sendo testemunhas da história e fonte de sustento para muitas comunidades. O descaso com as águas, poluindo e destruindo nascentes, reflete a mesma lógica de exploração e negligência que atinge as mulheres, especialmente aquelas que dependem diretamente desses recursos. Iansã, com seus ventos e tempestades, representa a força das mulheres que não se calam diante das injustiças. Seu poder nos lembra que a natureza responde aos excessos da humanidade e que, sem respeito e equilíbrio, sofremos as consequências da destruição ambiental. A luta das mulheres por direitos está diretamente ligada à luta pela sustentabilidade, pois são elas que, em muitos lugares do mundo, enfrentam os impactos da crise climática, da falta de saneamento e do acesso desigual à água. Neste 8 de março, precisamos honrar a força das Yabás e reconhecer que a luta das mulheres é também a luta pela preservação da natureza. Quando protegemos os rios, estamos protegendo a vida, quando fortalecemos as mulheres, estamos garantindo um futuro sustentável. Que a energia de Oxum nos ensine a cuidar das águas, que a sabedoria de Nanã nos lembre da importância da ancestralidade e que os ventos de Iansã nos dêem coragem para seguir resistindo. ¹ Joseane de Jesus é Mulher Negra, Bacharelanda Interdisciplinar em Humanidades, Assessora de Operações da Pacová, Pesquisadora do Observatório do Rio Utinga e Educadora Popular. Ativista pelo direito das mulheres negras e pela justiça socioambiental e mãe de Dandara. ² Sabrina Vaz é estudante de Biologia, pesquisadora no Observatório do Rio Utinga e ativista dedicada à dignidade menstrual e à conservação do meio ambiente. ³ Nathalia Nunes é bacharel em Gestão Ambiental, pesquisadora no Observatório do Rio Utinga e se especializando em participação social e justiça socioambiental
Relatório de Atividades 2023-2024 da Pacová está disponível: um ano de fortalecimento das lutas populares
A Pacová – Articulação de Cooperação do Campo à Cidade acaba de disponibilizar seu Relatório de Atividades 2023-2024, que apresenta de forma detalhada as ações realizadas ao longo do último ano. O documento reflete os avanços conquistados, os desafios enfrentados e a importância da mobilização contínua para fortalecer as organizações populares, coletivos e movimentos sociais em seus territórios. Criada em 2023, a Pacová foi fundada com o objetivo de apoiar aqueles que estão na linha de frente das lutas por direitos, promovendo incidência política, fortalecimento institucional e articulação de redes solidárias. Em um contexto de desafios crescentes para a sociedade civil, o relatório deste ano destaca as ações da organização para ampliar o acesso a financiamento, produzir conhecimento estratégico e fortalecer a autonomia de movimentos e coletivos. Entre os principais destaques do período, o Programa de Assessoria a Organizações Populares (PAOP) se consolidou como uma ferramenta essencial de suporte técnico e fortalecimento institucional para grupos comunitários. Além disso, a criação do Observatório do Rio Utinga representa um avanço significativo na defesa socioambiental da região, reafirmando o compromisso da Pacová com a justiça climática e a proteção dos territórios. No campo da formação e mobilização, a Pacová esteve presente em espaços estratégicos como o Festival ABCR e o Mês da Filantropia que Transforma, além de lançar publicações como o Guia de Mobilização de Recursos para Movimentos e Organizações de Base e a cartilha Panorama Geral do Rio Utinga. Essas iniciativas refletem o esforço constante para democratizar o acesso a recursos e ampliar o alcance das lutas comunitárias. “Esse relatório não é apenas um registro de atividades, mas um testemunho da resistência e da luta coletiva. As comunidades e movimentos sociais seguem segurando esse mundo nas costas, e o que falta é que sejam escutados, respeitados e fortalecidos”, destaca um dos trechos do documento. Ao longo de 2023 e 2024, a Pacová reafirmou seu compromisso com a transparência e com a construção de um novo modelo de filantropia, que redistribui recursos de forma justa e fortalece a base das lutas sociais. O Relatório de Atividades 2023-2024 já está disponível para leitura e pode ser acessado clicando aqui
Pacová realiza Planejamento Estratégico 2025
No último dia 18 de fevereiro, a Pacová realizou seu Planejamento Estratégico 2025 no espaço Raízes do Brasil, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), em Salvador – BA. O encontro reuniu a equipe executiva da organização para revisar aprendizados, avaliar desafios e definir diretrizes para o ano. Entre os temas centrais discutidos, destacou-se a importância de fortalecer as organizações populares e ampliar a incidência no ecossistema filantrópico, garantindo que mais iniciativas comunitárias tenham acesso a financiamento e apoio estruturante. A filantropia é um dos principais eixos da Pacová em 2025, e a organização seguirá atuando para fomentar práticas que respeitem a autonomia dos territórios e fortaleçam soluções locais. Além disso, foram traçadas estratégias para aprofundar a incidência política, ampliar a articulação com redes e movimentos e fortalecer iniciativas como o Observatório do Rio Utinga. O Observatório seguirá com suas pesquisas e ações de advocacy, ampliando o monitoramento socioambiental e reforçando o protagonismo das comunidades na defesa dos seus territórios e recursos hídricos. Os próximos meses serão dedicados à implementação dessas diretrizes, reforçando o compromisso da Pacová com a justiça social, a defesa dos territórios e o fortalecimento dos movimentos populares. Fique atento às novidades e acompanhe nossas ações!
Nota em Defesa das Famílias do Povoado do Retiro em Wagner – Bahia: Contra o Despejo, Por Justiça Fundiária e Pelo Direito à Terra e Território
A Pacová – Articulação de Cooperação do Campo à Cidade manifesta publicamente sua posição contra a ameaça de remoção forçada das 52 famílias agricultoras do Povoado do Retiro, localizado no município de Wagner, Bahia. No dia 13 de fevereiro de 2025, um oficial de justiça esteve na comunidade com uma ordem de despejo, colocando em risco a vida e o sustento dessas famílias, que há mais de 30 anos vivem no território, garantindo sua subsistência por meio da agricultura familiar. O Povoado do Retiro representa a importância dos territórios para a segurança alimentar, a preservação ambiental e a soberania dos povos do campo. Dentre as famílias atingidas, 24 já possuem processo de usucapião em andamento, enquanto outras 30 chegaram ao longo dos anos, estabelecendo moradia e atividade produtiva no local. Muitas dessas pessoas têm apenas esse território para viver, e a remoção forçada significaria o rompimento de suas vidas, sua história e seu direito fundamental à terra. A tentativa de despejo é mais um reflexo da injustiça fundiária que há séculos expulsa comunidades camponesas de seus territórios para atender a interesses privados, muitas vezes sem qualquer base legal ou social. O Estado brasileiro tem uma dívida histórica com a reforma agrária e com a garantia dos direitos das populações do campo, que seguem resistindo contra a grilagem de terras, a exploração predatória dos recursos naturais e a imposição de um modelo econômico que desconsidera o papel essencial da agricultura familiar para a sustentabilidade socioambiental. A ação de remoção das famílias do Retiro viola princípios constitucionais fundamentais, como o direito à moradia, à terra e ao trabalho. Além disso, ignora o papel dessas comunidades na conservação ambiental e na produção de alimentos saudáveis para a sociedade. O Brasil enfrenta desafios climáticos crescentes, e qualquer política pública séria deve priorizar o fortalecimento dos sistemas alimentares sustentáveis e das populações que cuidam da terra, em vez de permitir sua expulsão. Diante dessa situação, exigimos: Reafirmamos nosso compromisso com a defesa dos territórios camponeses e com a luta contra todas as formas de injustiça socioambiental. O modelo de desenvolvimento que expulsa os agricultores e agricultoras familiares de suas terras não é sustentável e precisa ser urgentemente revisto. A Pacová seguirá acompanhando essa situação e mobilizando todos os esforços para impedir que mais um episódio de violência fundiária se concretize. Assine essa nota e nos ajude a fortalecer essa luta! Pacová – Articulação de Cooperação do Campo à CidadeObservatório do Rio Utinga
Lançamento da Cartilha “A Importância do Rio Utinga e Sua Ictiofauna”
O Observatório do Rio Utinga, com o apoio da Pacová – Articulação de Cooperação do Campo à Cidade, tem o prazer de lançar a cartilha “A Importância do Rio Utinga e Sua Ictiofauna”. Este material é fruto de um minucioso trabalho de pesquisa que visa destacar a relevância da ictiofauna (fauna aquática) do Rio Utinga e o papel crucial que os peixes desempenham não apenas no equilíbrio ecológico, mas também na vida, na cultura e na subsistência das comunidades ribeirinhas que dependem deste recurso natural para sua alimentação e identidade cultural. O Rio Utinga é um dos principais corpos d’água da região, sendo essencial não apenas para a biodiversidade local, mas também para a sobrevivência das populações. A diversidade de peixes no rio representa um patrimônio natural e cultural que, ao longo do tempo, tem sido ameaçado por práticas de exploração predatória e os impactos das mudanças climáticas. Esta cartilha busca conscientizar sobre esses riscos e sobre a importância de ações para sua conservação. Com este lançamento, o Observatório do Rio Utinga propõe uma reflexão sobre a necessidade urgente de envolver as comunidades no cuidado e preservação da fauna aquática, promovendo o debate sobre políticas públicas que integrem as demandas socioambientais e a proteção dos recursos naturais. O evento será uma oportunidade única para discutir como a saúde do Rio Utinga e sua rica ictiofauna estão diretamente ligadas ao bem-estar das populações locais. A cartilha é uma ferramenta de mobilização das comunidades, movimentos sociais e demais atores sociais em ações de preservação do Rio Utinga e sua fauna aquática. Baixe agora clicando aqui.
Observatório do Rio Utinga lança cartilha sobre o rio e sua importância para comunidades e ecossistemas locais
O Observatório do Rio Utinga, iniciativa voltada ao monitoramento socioambiental e à defesa das águas, convida para o lançamento da Cartilha 2 – A Importância do Rio Utinga e sua Ictiofauna. O evento acontece no dia 21 de fevereiro, às 18h, via Google Meet e trará reflexões sobre a biodiversidade do rio e seu papel essencial para as comunidades que dele dependem. O material apresenta um panorama sobre a ictiofauna do Rio Utinga, destacando as espécies nativas e os impactos ambientais que ameaçam esse ecossistema. Além disso, a cartilha aborda a relação entre biodiversidade e os modos de vida das populações locais, que há gerações convivem e dependem do rio para sua subsistência, cultura e identidade. O Observatório do Rio Utinga se dedica a monitorar e divulgar informações sobre as condições do rio e os desafios enfrentados pelas comunidades ribeirinhas. Seu trabalho fortalece soluções climáticas locais, promovendo a defesa dos territórios e o acesso equitativo aos recursos hídricos. A preservação do rio não é apenas uma questão ambiental, mas também social, pois está diretamente ligada à segurança alimentar, à economia local e ao direito à água como bem comum. 📅 Lançamento: 21 de fevereiro, às 18h📍 Plataforma: Google Meet🔗 Inscrições: https://bit.ly/lancamento-cartilha-observatorio O evento contará com a presença dos autores e pesquisadores: 🔹 Evander Penchel – Pesquisador do Observatório do Rio Utinga e autor da cartilha🔹 Joseane de Jesus – Pesquisadora do Observatório e coautora da apresentação🔹 David Levy – Coordenador da Pacová e coautor da apresentação🔹 Cláudio Dourado – Representante da Comissão Pastoral da Terra Bahia 📖 A cartilha estará disponível gratuitamente para download no site da Pacová e do Observatório do Rio Utinga. Participe do lançamento e fortaleça a luta por justiça hídrica e climática!
Guia de Mobilização de Recursos para Movimentos Sociais ultrapassa 500 downloads
A Pacová celebra uma conquista importante para os movimentos sociais e de base comunitária: o Guia de Mobilização de Recursos para Movimentos Sociais ultrapassou a marca de 500 downloads! O material foi desenvolvido para apoiar coletivos, organizações e lideranças que atuam na defesa de direitos e na promoção da justiça social e ambiental, oferecendo ferramentas acessíveis e estratégias práticas de captação de recursos. O guia aborda temas como financiamentos solidários, campanhas de arrecadação, relacionamento com doadores e alternativas à filantropia tradicional, fortalecendo a autonomia das organizações populares. O guia foi elaborado por Albert França da Costa, coordenador da Pacová e pesquisador no âmbito do Programa Saberes da Rede Comuá, trazendo reflexões e propostas baseadas em experiências concretas de mobilização de recursos para organizações populares. Esse resultado reforça a importância de fortalecer as redes de mobilização de recursos e ampliar o acesso a mecanismos de financiamento menos burocráticos e mais alinhados com as realidades dos movimentos sociais e comunitários. 📥 Baixe o guia gratuitamente aqui: https://pacova.org/publicacoes/ 📢 Ajude a levar esse material a mais organizações! Compartilhe em suas redes e com coletivos que podem se beneficiar dessa ferramenta.