Hoje, Dia da Visibilidade Trans, nós da Pacová queremos salientar como é fundamental refletir sobre como a inclusão da perspectiva das pessoas transsexuais e travestis é vital na luta por justiça climática e socioambiental. Estudos recentes, como o do Chapin Hall na Universidade de Chicago, revelam que os jovens LGBTQIA+ são 120% mais propensos a viver sem-teto do que os jovens não-LGBTQIA+. Esses dados colocam esses indivíduos na linha de frente das mudanças climáticas, sendo os primeiros a sofrerem com extremos climáticos e outros riscos. A exclusão social e marginalização enfrentadas pela comunidade LGBTI+, são fatores que intensificam sua vulnerabilidade em momentos de crise ambiental. Entre as pessoas trans e travestis, a discriminação, a falta de acesso a recursos e a exclusão de oportunidades exacerbam os efeitos das mudanças climáticas.
No Brasil, pesquisas regionais indicam um aumento da população LGBTQIA+ em situação de rua, no entanto, a ausência de levantamentos estatísticos oficiais limita a compreensão do perfil econômico, social e geográfico dessas pessoas. Recentemente, a Justiça acolheu o pedido do Ministério Público Federal para que o IBGE inclua campos sobre orientação sexual e identidade de gênero no Censo 2022, atendendo a essa demanda crucial. É crucial reconhecer que, enquanto as tragédias ambientais afetam toda a população, grupos historicamente marginalizados, como as pessoas LGBTQIA+, enfrentam desafios adicionais que agravam suas vulnerabilidades.
Adotar uma perspectiva que defende os direitos das pessoas transsexuais fortalece a justiça climática ao enfrentar as desigualdades sociais existentes. Isso implica assegurar que as políticas e práticas de mitigação e adaptação considerem as diferentes realidades vivenciadas por grupos marginalizados.
Portanto, mais do que apenas fortalecer a representatividade, trata-se da construção de uma base mais sólida e inclusiva para enfrentar os desafios interconectados que nosso planeta enfrenta. É fundamental promover uma abordagem verdadeiramente inclusiva na luta pela justiça climática e socioambiental, reconhecendo e respeitando a diversidade em todas as suas formas. Além disso, a violência de gênero e sexualidade no contexto climático é uma preocupação global. Estudos, como o de Dale Dominey-Howes et al. em Gender, Place, and Culture, mostram que a população LGBTQIA+ muitas vezes não recebe avisos adequados durante desastres naturais. Informações corretas sobre cuidados e recuperação são essenciais para sua sobrevivência em períodos de crise climática.
Diante desses desafios, é fundamental adotar uma perspectiva que defenda os direitos das pessoas transsexuais e travestis. Isso fortalece a justiça climática ao enfrentar as desigualdades sociais existentes e garantir que políticas e práticas de mitigação e adaptação considerem as diferentes realidades vivenciadas por grupos marginalizados. A inclusão é essencial não apenas para fortalecer a representatividade, mas também para construir uma base mais sólida e inclusiva na luta contra os desafios interconectados que nosso planeta enfrenta.