América Latina: O território letal para quem luta pelo meio ambiente

“Cadê a flor que tava aqui? Poluição comeu
O peixe que é do mar? Poluição comeu
O verde onde é que está? Poluição comeu
Nem o Chico Mendes sobreviveu”
Canção de Luiz Gonzaga

O Brasil é reconhecido internacionalmente pela diversidade do seu bioma, por sua abundância em recursos hídricos, mas também por suas tragédias provocadas pela ganância dos empresários do extrativismo predatório. Seja ela o massacre do povo Yanomami, em seu território, e as dezenas de ambientalistas assassinados todos anos em todo país, sendo apenas um recorte de um projeto criminoso que se estende por toda América Latina, como Colômbia, México, entre outros.

O projeto que tem como resultado uma catástrofe ambiental sem precedentes, construído indústrias do  extrativismo predatório, vem marcado por dados alarmantes no tema da mudança climática. O ano de 2024 pode quebrar o recorde de 2023 no aquecimento global, segundo a ONU, e biomas como o da Caatinga, um dos mais importantes para a o ecossistema Brasileiro, segue com níveis recordes de desmatamento desde um início da década, causando um impacto significativo na escassez de recursos hídricos na região do semiárido, com anos de práticas de desmatamento e queimadas para a exploração por madeireiras, implementação grandes pastos de gado pelos magnatas da pecuária e atividade agrícola inadequada, como monocultura e uso de agrotóxicos prejudiciais ao solo do bioma da Caatinga, causando o empobrecimento do solo e redução da biodiversidade, gerando um agravamento nas condições de vida da população e na agricultura familiar.

Enquanto escrevíamos este texto mais um ataque ocorria, no domingo (21) cerca de 200 ruralistas do sul da Bahia reunidos no grupo de aplicativo de  mensagem, denominado  ‘Movimento Invasão Zero’, planejaram a invasão no território de retomada indígena da etnia Pataxó-hã-hã-hãe com a presença da Polícia Militar do Estado da Bahia , sem nenhuma decisão judicial, evidenciando a questão das relações políticas promíscuas dos ruralistas com autoridades do Estado, o resultado da invasão foi o assassinato da liderança indígena Nega Pataxó, majé da comunidade e a hospitalização de outros membros da comunidade como o cacique Nailton Muniz Pataxó, que também foi baleado. O crime de sangue é uma tradição cruel que marca a história de disputas por territórios na América Latina casos como o de Chico Mendes, Bruno Araújo Pereira, Dom Phillips, Dorothy Steng, Mãe Bernadete Pacífico, Breiner David Cucuñame e muitos outros.

A cultura de violência e impunidade que ceifa vidas de ambientalista em todo globo, é  fundamental entender que os crimes e violações de direitos humanos cometidos pela indústria do extrativismo predatório não reconhece fronteiras nacionais. Os dados do relatório da ONG internacional Global Witness evidencia que dos 177 defensores do meio ambiente assassinados no mundo no ano de 2022, 139 foram na Colômbia, Brasil, México e Guatemala.

A urgência do fortalecimento de abordagens regionais e internacionais no que coíbem as violações de direitos humanos  os países latino-americanos é gritante, juntamente com pressão na comunidade internacional por uma rede de proteção aos ativistas que estejam em situação de insegurança, e a responsabilização dos responsáveis pelos crimes.

Nega Pataxó, Presente! E justiça a todos e todas lutadoras e lutadores que tiveram suas vidas interrompidas na luta pela preservação da terra e pela justiça ambiental.

  • Nega Pataxó Hã-Hã-Hãe

    Nega Pataxó, ancestralizada aos 52 anos, é uma mestra de saberes e liderança espiritual na Terra Indígena Caramuru Catarina-Paraguassu, e zelava por seu povo com práticas da medicina tradicional, incluindo cantos ancestrais, outros de composição própria, cultivo e uso de ervas, além de seu intenso trabalho, junto a parentes, na recomposição da floresta, lugar e morada dos encantados. [Veja mais aqui]

    Nega Pataxó Hã-Hã-Hãe
  • Chico Mendes

     Chico Mendes foi um seringueiro, sindicalista, ativista político brasileiro. Lutou a favor dos seringueiros da Bacia Amazônica, cuja subsistência dependia da preservação da floresta e das seringueiras nativas. [Veja mais aqui]

    Chico Mendes
  • Mãe Bernadete

    Mãe Bernadete foi uma ialorixá, ativista e líder quilombola brasileira. Era coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos e líder do Quilombo Pitanga, em Simões Filho. Também coordenava uma associação de cerca de 120 agricultores. [Veja mais aqui]

    Mãe Bernadete
  • Bruno Pereira

    Bruno Pereira foi um indigenista brasileiro e servidor de carreira da Fundação Nacional do Índio (Funai). Foi considerado uns dos maiores especialistas em indígenas isolados ou de recente contato do país e exímio conhecedor do Vale do Javari. [Veja mais aqui]

    Bruno Pereira
  • Dorothy Stang

    Dorothy Stang foi uma religiosa estadunidense naturalizada brasileira que lutou em favor dos pobres e do meio ambiente e já havia recebido ameaças de morte de madeireiros e proprietários de terras. [Veja mais aqui]

    Dorothy Stang
  • Breiner David Cucuñame

    O adolescente Breiner David Cucuñame, de 14 anos, considerado um ativo defensor do meio ambiente na Colômbia. [Veja mais aqui]

    Breiner David Cucuñame
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