O Fundo de Apoio a Organizações Populares – FAOP foi construído a partir de uma abordagem de filantropia solidária, que reafirma a necessidade urgente de uma cultura de doação necessariamente solidária. Essa construção também expressa a necessidade ruptiva do modelo predominante de filantropia, exigindo saídas radicalmente democráticas e solidárias, pautadas na confiança plena nas organizações populares e em seus saberes territoriais. O fundo fortalece organizações populares e coletivos comunitários por meio de apoio financeiro flexível, desburocratizado e centrado nas necessidades dos territórios. É uma ferramenta de resistência e de construção de justiça social e climática.
Neste segundo ciclo, foi selecionada a Associação Mulheres Unidas no Campo – MUC para receber um aporte único, que deverá ser executado conforme as prioridades da própria organização. Matheus Viana, gestor do Fundo, destaca:
“Nesse momento reafirmamos a importância da luta das mulheres do campo, que enfrentam desigualdades históricas e seguem resistindo para garantir vida digna, autonomia e bem-viver. Também reafirmamos o papel central que cumprem na defesa dos territórios e no enfrentamento à crise climática, mostrando que justiça social e climática caminham juntas.”
Esta etapa consolida a experiência do FAOP em fortalecer organizações populares e serve como oportunidade para aprimorar fluxos e metodologias nos próximos ciclos. Recebemos propostas de diferentes regiões do país, refletindo a diversidade e a potência das lutas nos territórios, ao mesmo tempo em que evidencia a concentração histórica de recursos em algumas regiões e a necessidade de apoiar diretamente as organizações mais vulnerabilizadas.
A inscrição para esta rodada de aporte foi realizada de forma simples e direta, por meio de formulário online ou mensagem de WhatsApp. No momento da inscrição, a organização apresentou um plano básico de aplicação do recurso, indicando as principais atividades, ações ou despesas previstas para o período de execução.
Optamos por esse modelo porque acreditamos que quem está no território sabe onde o recurso faz mais diferença. O FAOP rompe com lógicas de controle e burocracia e aposta na autonomia, na confiança e no fortalecimento direto das organizações.
A metodologia de seleção nesta etapa final parte do reconhecimento da legitimidade e da diversidade de trajetórias de cada integrante do comitê, formado pela equipe executiva da Pacová:
Albert França (Diretor Executivo), Amanda Dantas (Coordenadora Geral do Cursinho Popular Milton Santos), Joseane de Jesus (Assessora de Operações), Lavinia Pinheiro (Coordenadora de Formação) e Matheus Viana (Gestor do FAOP e Coordenador de Programas e Projetos).
O objetivo é que a escolha reflita não apenas critérios técnicos, mas também a sensibilidade política e o compromisso coletivo com a construção de justiça social e climática nos territórios.
Recebemos mais de 100 inscrições, o que demonstra a vitalidade e a força das organizações populares em todo o país e ao mesmo tempo a escassez de recursos disponíveis. Esse grande volume de propostas reforça o compromisso da Pacová de, nos próximos ciclos, ampliar o Fundo de Apoio a Organizações Populares, fortalecendo ainda mais a autonomia, a confiança e o protagonismo das organizações nos territórios.
A pluralidade dessas iniciativas reafirma a capacidade dos movimentos populares de articular respostas contundentes às desigualdades estruturais que atravessam o país.