O Fundo de Apoio a Organizações Populares – FAOP foi construído a partir de uma abordagem de filantropia solidária, que reafirmam a necessidade urgente de uma cultura de doação necessariamente solidária. Essa construção também expressa a necessidade ruptiva do modelo predominante de filantropia, exigindo saídas radicalmente democráticas e solidárias, pautadas na confiança plena nas organizações populares e em seus saberes territoriais. O fundo fortalece organizações populares e coletivos comunitários por meio de apoio financeiro flexível, desburocratizado e centrado nas necessidades dos territórios. É uma ferramenta de resistência e de construção de justiça social e climática.
Neste primeiro ciclo, foi selecionada a Frente de Mulheres de Cajazeiras para receber um aporte único de R$ 1.000,00, que deverá ser executado conforme as prioridades da própria organização. Tiffany Valentine, membra do comitê de seleção, destaca:
“A seleção da Frente de Mulheres de Cajazeiras reforça que a luta das mulheres negras dos territórios periféricos é a verdadeira vanguarda da democracia, pois é nela que se constrói resistência, transformação e esperança para todo o país.”
Esta etapa inicial servirá como experiência piloto para aperfeiçoar nossos fluxos e metodologias nos próximos ciclos. Recebemos propostas de todas as regiões do país, com a maioria proveniente do Nordeste, o que reafirma a potência das lutas populares dos territórios. Essa predominância denuncia a profunda concentração de recursos e oportunidades em outras regiões, uma grave desigualdade histórica que perpetua a exclusão e o apagamento das realidades periféricas e populares. É urgente desconstruir esse cenário e direcionar apoio concreto às regiões mais vulnerabilizadas.
A inscrição para esta rodada de aporte foi feita de forma simples e direta, por meio de formulário online ou mensagem de WhatsApp. No momento da inscrição, a organização apresentou um plano básico de aplicação do recurso, indicando as principais atividades, ações ou despesas previstas para o período de dois meses.
Optamos por esse modelo porque acreditamos que quem está no território sabe onde o recurso faz mais diferença. O FAOP rompe com lógicas de controle e burocracia e aposta na autonomia, na confiança e no fortalecimento direto das organizações.
A metodologia de seleção nesta etapa final parte do reconhecimento da legitimidade e da diversidade de trajetórias de cada integrante do comitê, formado pela equipe executiva da Pacová:
Albert França (Diretor Executivo), Joseane de Jesus (Assessora de Operações), Lavinia Pinheiro (Coordenadora de Programas e Projetos), Matheus Viana (Gestor do FAOP e Coordenador de Operações) e Tiffany Valentine (Assessora de Operações).
O objetivo é que a escolha reflita não apenas critérios técnicos, mas também a sensibilidade política e o compromisso coletivo com a construção de justiça social e climática nos territórios.
Diversidade das pautas e força dos movimentos populares
As organizações populares que participaram desta seleção representam uma diversidade de temas e pautas que são centrais para a resistência nos territórios. São lutas que envolvem direitos das mulheres negras, povos tradicionais, juventudes periféricas, justiça climática, soberania alimentar, entre outras pautas fundamentais para a transformação social. A pluralidade dessas iniciativas reafirma a vitalidade e a potência dos movimentos populares em articular respostas inovadoras e contundentes às desigualdades estruturais que atravessam nosso país.